terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Da solidão

Cecília Meireles

Há muitas pessoas que sofrem do mal da solidão. Basta que em redor delas se arme o silêncio, que não se manifeste aos seus olhos nenhuma presença humana, para que delas se apodere imensa angústia: como se o peso do céu desabasse sobre sua cabeça, como se dos horizontes se levantasse o anúncio do fim do mundo.

No entanto, haverá na terra verdadeira solidão? Não estamos todos cercados por inúmeros objetos, por infinitas formas da Natureza e o nosso mundo particular não está cheio de lembranças, de sonhos, de raciocínios, de idéias, que impedem uma total solidão?

Tudo é vivo e tudo fala, em redor de nós, embora com vida e voz que não são humanas, mas que podemos aprender a escutar, por muitas vezes essa linguagem secreta ajuda a esclarecer o nosso próprio mistério. Como aquele sultão Mamude, que entendia a fala dos pássaros, podemos aplicar toda a nossa sensibilidade a esse aparente vazio de solidão: e pouco a pouco nos sentiremos enriquecidos.

Pintores e fotógrafos andam em volta dos objetos à procura de ângulos, jogos de luz, eloqüência de formas, para revelarem aquilo que lhe parece não só o mais estático dos seus aspectos, mas também o mais comunicável, o mais rico de sugestões, o mais capaz de transmitir aquilo que excede os limites físicos desses objetos, constituindo, de certo modo, seus espírito e sua alma.

Façamo-nos também desse modo videntes: olhemos devagar para a cor das paredes, o desenho das cadeiras, a transparência das vidraças, os dóceis panos tecidos sem maiores pretensões. Não procuremos neles a beleza que arrebata logo o olhar, o equilíbrio das linhas, a graça das proporções: muitas vezes seu aspecto – como o das criaturas humanas – é inábil e desajeitado. Mas não é isso que procuramos, apenas: é o seu sentido íntimo que tentamos discernir. Amemos nessas humildes coisas a carga de experiências que representam, e a repercussão, nelas sensível, de tanto trabalho humano, por infindáveis séculos.

Tudo palpita em redor de nós, e é como um dever de amor aplicarmos o ouvido, a vista, o coração a essa infinidade de formas naturais ou artificiais que encerram seu segredo, suas memórias, suas silenciosas experiências. A rosa que se despede de si mesma, o espelho onde pousa o nosso rosto, a fronha por onde se desenham os sonhos de quem dorme, tudo, tudo é um mundo com passado, presente, futuro, pelo qual transitamos atentos ou distraídos. Mundo delicado, que não se impõe com violência: que aceita a nossa frivolidade ou o nosso respeito; que espera que o descubramos, sem se anunciar nem pretender prevalecer; que pode ficar para sempre ignorado, sem que por isto deixe de existir; que não faz da sua presença um anúncio exigente. “Estou aqui, estou aqui!” Mas, concentrado em sua essência, só se revela quando os nossos sentidos estão aptos para o descobrirem. E que em silêncio nos oferece sua múltipla companhia, generosa e invisível.

Oh! se vos queixais de solidão humana, prestai atenção, em redor de vós, a essa prestigiosa presença, a essa copiosa linguagem que de tudo transborda, e que conversará convosco interminavelmente.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Os sete princípios da Espreita

1°- Os guerreiros escolhem seu campo de batalha, ele nunca entra na batalha sem saber o que o cerca.

2°- Descartar tudo o que for desnecessário. Ter somente o essencial.

3°- Um guerreiro tem de estar disposto e pronto a tomar sua última posição e decidir se entra ou não na batalha, pois toda batalha é uma batalha pela vida.

4°- Relaxar e não ter medo de nada.

5°- Quando confrontados com coisas que não conseguem lidar, os guerreiros se retraem por um instante e desenvolvem um espírito diferente de auto-confiança para reorganizar seus recursos.

6°- Os guerreiros condensam o tempo. Esperam Ter êxito, portanto não desperdiçam nem um minuto.

7°- Um espreitador nunca se põe a frente das coisas.

http://br.geocities.com/serambarino/espreita.htm

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Frase do(s) dia(s)

"Fazemos nossos caminhos e lhes chamamos destino."

Benjamin Disraeli

domingo, 10 de agosto de 2008

The Revolution Will Not Be Televised

A revolução não será televisionada




Você não poderá ficar em casa, irmã(o).

Não poderá sentar-se na poltrona.
Não poderá perder-se na troca de canais
durante o jogo futebol, porque
a revolução não será televisionada.

A revolução não vai passar no domingo à tarde.
A revolução não será ilustrada pelo sorriso das
paquitas encantadas com a nova canção do Jota Quest
Vini, Sandy e Junior ou Ivete Sangalo.
A revolução não será televisionada.

A revolução não vai estar nas telenovelas
e não será estrelada pela Maria Fernanda e Edson
Celulari ou Tony Ramos e Vera Fisher.
A revolução não irá ensinar como se comportar
e não fará vocë chorar no último capítulo.
Adriane Galisteu, Luana Piovane, Gisele Bushen e a
Feiticeira não vão fazer você mais sexy.
A revolução não será imprópria para menores de 12 anos
porque a revolução não será televisionada.

Não existirão imagens exclusivas de policiais
espancando negros na Favela Naval ou som
do tiro seco na cabeça do passageiro.
O SBT não dará a previsão do tempo
na capital e nos 23 estados.
A revolução não será televisionada.

A revolução não será televisionada em câmera lenta,
com narração de Galvão Bueno. Não haverá imagens
repetidas do carro batendo contra o muro.
Não haverá imagens de trombadinhas
batendo carteira em plena luz do dia.
Padre Marcelo não fará a oração
para um mundo mais católico.

Roberto Marinho, Roberto Civita,
Silvio Santos e Bispo Edir Macedo
não decidirão o que todos vão ver e ouvir.
Empregados, escravos e malandros
não serão a cara da minha nação,
pois os negros estarão nas ruas por um dia melhor.

A revolução não será televisionada.
As duas torres não desabarão
A sua casa não será dos artistas
E o grande irmão não estará de olho em você.

A revolução não virá a seguir,
depois dos comerciais de pasta de dente refrescante,
cerveja gelada e absorvente extrafino
Você não terá que se preocupar com a sujeira na
cozinha, os juros mais baixos ou com a pele mais suave.


A revolução não será melhor com Coca-Cola.

A revolução não será o melhor carro popular.

A revolução lhe colocará na direção.

A revolução não terá reprise;

A revolução será ao vivo.


"The Revolution Will Not Be Televised"
Adaptação livre da canção de Gil Scott Heron
por Daniel Lima

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2003/03/250301.shtml

sábado, 2 de agosto de 2008

Olhar para a Matrix é olhar para nossa mente

Do livro Matrix, Bem-vindo ao Deserto do Real.


[...] Olhar para Matrix é olhar para a nossa mente. Ela está programada para nos dar todas as respostas (mesmo erradas), com uma capacidade gigantesca de criação e autopreservação. Ao mesmo tempo que realiza os nossos desejos, escraviza-nos a eles.

O mundo moderno é fruto da Matrix, tudo a nossa volta nasceu dela (da mente ou Matrix, como preferir), desde a bateria de seu relógio de pulso à nossa língua, à moral, à filosofia e à ciência. Não vemos o mundo como ele é, mas sim como os nossos sentidos o captam. Uma rosa vermelha é todas as cores, menos o vermelho. Ela absorve as outras cores e reflete o vermelho.

Além disso, tudo o que é captado pelos sentidos é interpretado pela programação do cérebro. Este programa foi criado, de um lado, pela seleção evolutiva natural a todas as espécies e, de outro, por nossas próprias criações. Programas gerando programas, dando origem ao que chamamos de sociedade. Ao olharmos à nossa volta, veremos um reflexo de nós mesmos, de nossos sonhos e pesadelos materializados, produzidos na Matrix e tornados "reais"¿. Esta realidade virtual é onde vivemos com nossas leis, normas, nossos sinais e tantos outros elementos artificiais criadas pela Matrix.

Este gigantesco Software de gerenciamento é alimentado por cada microprograma, ou seja, nós. Quando "crio algo", insiro um novo programa na Matrix; se esse programa lhe for útil ele é agregado. Um bom exemplo são produtos e marcas que existem há décadas. Mas se eu sou um revolucionário, um terrorista, e crio uma idéia contrária à Matrix (o status quo), sou um vírus. Naturalmente os mecanismos de defesa dela serão lançados contra mim. São os antivírus.

Podemos pensar em uma pessoa como Giordano Bruno, que, no século XIV, já acreditava em outros mundos e em vida em outros planetas e punha em xeque todas as concepções da Igreja (concepções oficiais), sendo, desta forma, condenado à morte ou, se preferirmos, "deletado."

O paradoxo da vivissecção

por Leandro Costa


Por que a vivissecção tem sido cada vez mais contestada em nossa sociedade e em diversos outros países? Porque, por incrível que pareça, o argumento utilizado para escravizarem os animais como cobaias é o mesmo utilizado por seus defensores. O qual é: Os animais são iguais a nós.

Para constatarmos o fato, é só perguntarmos a nós mesmos: Por que será que os experimentadores insistem tanto na indispensabilidade dos testes? Porque somos muito mais semelhantes do que diferentes. Animais não são máquinas, parecidíssimas com os humanos assim como Descartes quis um dia sugerir. Na verdade, alguns humanos é que são parecidíssimos com máquinas, sem sentimento ou sensibilidade alguma a ponto de proferirem tais coisas. Nós e os animais temos a mesma ancestralidade. Ambos possuímos a capacidade de sentir (e raciocinar) porém em graus e dimensões específicas. Porcos, por exemplo, são tão inteligentes quanto cachorros, que são tão com-passíveis de se relacionarem conosco e com eles mesmos. Aves planejam o futuro, ensinam outras aves a cantarem e têm um senso de organização fora do comum. Chimpanzés, gorilas e elefantes também brincam, divertem-se e reencontram velhos amigos, assim como sofrem a perda destes. Eu poderia citar diversos outros exemplos sobre como eles se parecem conosco, mas o fato é que: não devemos dizer que os animais são diferentes da gente (e portanto testes científicos não funcionariam) e sim que os animais são iguais a nós (com vontades, desejos, coração) e, eficazes ou não, a pergunta a se fazer sobre os testes seria: Eles são éticos?

A despeito disso, muitos defensores da vivissecção nos perguntam: "E vocês, que tanto insistem em defendê-los, por acaso se voluntariariam?". Eu me voluntariaria apenas se eu quisesse. Mas se a maioria das pessoas não quiser e não quer, isso é justificativa para submeterem os animais, à força? E se os animais não existissem? O que vocês fariam? Quem vocês subjugariam?

"Os animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram feitos para os seres humanos, da mesma forma que os negros não foram feitos para os brancos, nem as mulheres para os homens."
(Alice Walker)

"Pergunte para os vivisseccionistas por que eles experimentam em animais e eles responderão: 'Porque os animais são como nós'. Pergunte aos vivissecccionistas por que é moralmente 'OK' experimentar em animais e eles responderão: 'Porque animais não são como nós'. A Experimentação animal apoia-se em contradição de lógica." (Professor Charles R.Magel - 1920)


» alguns links:

Os animais têm sentimentos?

Os animais pensam como nós?

Como os pássaros migram?

Os animais são seres sencientes

Cães entendem injustiça e sentem inveja, diz estudo

Cães podem 'ler emoções' como humanos, diz estudo

A mente dos animais, segundo Charles Darwin

Mentes que brilham (National Geographic)

terça-feira, 29 de julho de 2008

A mente dos animais, segundo Charles Darwin

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Segundo Charles Darwin (1871 apud REGAN, 2006, p. 70-71) "As mentes dos animais 'diferem das nossas em grau, não em tipo'. Os mamíferos, por exemplo, 'experimentam (em maior ou menor grau) ansiedade, pesar, melancolia, desespero, alegria, amor, ternura, devoção, mau-humor, amuo, determinação, ódio, ira, desdém, desrespeito, asco, culpa, orgulho, desamparo, paciência, surpresa, perplexidade, medo, horror, vergonha, timidez e recato'".

Quanta coisa, não?

fonte: Jaulas Vazias: encarando o desafio dos direitos animais / Tom Regan ; tradução Regina Rheda ; revisão técnica Sônia Felipe, Rita Paixão. -- Porto Alegre, RS : Lugano, 2006
The Descent of Man / Charles Darwin -- 1871

sexta-feira, 7 de março de 2008

As rochas são...

violentamente calmas.