segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Da Quebra do Conceito Inteligência


"Gott ist tot" - Friedrich Nietzsche

Seres humanos são conceituados de seres conscientes de sua própria existência. A consciência é a digital humana. Seria então provável a capacidade humana de criar um outro ser que tenha consciência de si? E será que nós seres bímanos racionais temos realmente consciência do que somos ou apenas nos definimos com conceitos vagos do tipo: Sou uma estudante, tenho vinte e dois anos, nenhum filho e muitos vícios. Chegará um dia em que o ser humano se definirá como uma maravilhosa máquina biológica adaptada para sobreviver e interagir com o meio-ambiente?

Seres humanos são definidos de consciências inteligentes capazes de julgar suas atitudes e separar o bem do mal. O fator que predomina neste conceito é: o que é inteligência? Qual ciência humana poderá definir com exatidão o que chamamos de inteligência? Podemos exemplificar a falha nos conceitos humanos-científicos lembrando de alguns anos atrás quando a sonda espacial Galileu foi criada com a missão de estudar Júpiter e programada para detectar a existência e possibilidade de vida inteligente no planeta. Detalhe: foi dedicado ao projeto o que havia de mais avançado em tecnologia de computadores e inteligência humana. No entanto a sonda passou pela Terra e o programa foi iniciado. Chegou para os cientistas o seguinte “diagnóstico”: 30% de chance de haver vida na Terra e 0% de chance dessa vida ser inteligente. Pois é, na vida, geralmente, nada que acontece é o mais esperado.

Entendendo o conceito de inteligência poderemos começar a pensar na possibilidade de criar outro tipo de inteligência, outro tipo que tenha consciência de si. Ultimamente têm se discutido muito sobre IA (Inteligência Artificial) e cada vez que este assunto é posto em pauta surge também o medo do homem de ser dominado por aquilo que ele mesmo criou. O Criador sempre teme a sua criação quando ela começa a tomar consciência de si. E da mesma forma que temos a necessidade de criar, nossa criação “artificial” poderá decidir criar mais uma nova inteligência e nos eliminar por sermos tão ultrapassados e desnecessários para a evolução no planeta Terra. Foi assim que matamos Deus.


Texto publicado no Metamorfose Coletiva (Janeiro de 2008)

2 comentários:

  1. Belíssimo texto. Seria ele consciente de si? Sempre gostei de pensar o seguinte pensamento, desde que me ocorreu pela primeira vez, algum dia: Minha inteligência não é minha, é do universo. Talvez a "inteligência", como a conhecemos hoje, esteja mais relacionada com audácia do que com dna... ou talvez nenhuma das alternativas.

    "O Criador sempre teme a sua criação quando ela começa a tomar consciência de si."

    Exatamente. E também porque ela mostra, de forma pura e ingênua, nossa própria fragilidade. The game is over.

    "Father". Yes, Son. "I wanna kill you"

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  2. It hurts to set you free... but you never, follow me...

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