terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Objetos e Realidade

Percebemos as imagens no mundo, damos nomes a elas e denominamo-as objetos, em relação à nossa percepção, a que denominamos sujeitos.

Mas os objetos, relacionamo-nos com eles como algo dado – uma árvore, uma pessoa, o sol – mas não nos indagamos o que são eles. Tudo o que dizemos sobre um objeto é o que traduzimos através dos sentidos e do raciocínio (pensar), que dizem sobre eles mas não sâo eles.

Por exemplo, uma maçã, já nos indagamos sobre o que é uma maçã em si mesma? O conceito que temos de uma maçã é o de que é uma fruta (o raciocínio que a catalogou em relação ao seu ambiente sistêmico), vermelha (o que os olhos dizem), macia (o que o tato diz), doce (o que o paladar diz), com pouco cheiro (o que o paladar diz).
Mas o que é a maçã em si mesma? Podemos nos antecipar e responder que não podemos saber o que é a maçã, assim como o que é a realidade, senão através dos sentidos. Mas será que essa afirmação procede?

A maçã é realidade, a realidade é realidade e nós somos realidade. Se acharmos que não podemos saber o que é a maçã em si mesma, porque partimos do pressuposto de que não somos a maçã, podemos então indagar quem somos nós, qual é a nossa natureza, se há uma natureza que não a tradução que os sentidos e o raciocínio nos dão.

E como nós investigamos quem somos nós? Investigar quem somos nós indica imediatidade ( o contrário de 'por intermédio de'). Diria que o sentir (aqui no sentido de perceber, estar consciente de) é uma forma direta de investigação.

Quando fechamos os olhos e apenas sentimos, percebemos, sem usar o raciocínio nem os sentidos, não é uma forma mais direta de investigarmos quem somos? A percepção, o sentir diretos não são traduzidos pelos sentidos nem pelo raciocínio (fechando os olhos, deixando as mãos sem tocar o corpo e não fazendo uma imagem do corpo).

Nessa percepção, nesse sentir direto, quem somos nós? Sem raciocinar (o que significa sem responder sou isso ou aquilo, sem dar uma resposta conceitual) e sem usar os sentidos, de olhos fechados, você encontra algum corpo? Encontra alguma tradução como sou homem, mulher, alto, baixo, humano etc.? Encontra algum mundo interior ou mundo exterior? Encontra algum sujeito ou algum objeto?

O que percebemos é algo que as palavras não conseguem traduzir porque não pode ser objetificado (percebido pelos sentidos). A essa percepção podemos apenas dar alguns nomes que indicam, que apenas indicam: pura percepção, presença, espaciosidade, espírito, vazio.

Um comentário:

  1. Adorei o texto! Os nossos 5 sentidos são limitados a percepção de algo que provavelmente seja o real (ou não). Quantos sentidos precisariam ser desenvolvidos para entendermos o que somos?

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